Vivemos em um mundo exteriorizado, a qual expurgamos a busca pela simplicidade e mergulhamos no profundo desejo obscuro de se auto flagelar no consumismo exagerado e degeneração moral, por isso, o intuito do nosso blog é buscar um olhar mais amoroso do mundo, e através de poemas, podendo resgatar a simplicidade na forma de vivenciar as coisas belas e quem sabe salientar os desejos da alma, e assim buscar o nosso eu interior.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Conclusões de Aninha





Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.
O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?
Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
“A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar.”
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.



Cora Coralina 




Análise


 Reflete sobre a marginalização dos que têm pouco. A mulher especulou, pensou, muitas perguntas e poucas ações. O homem simplesmente tirou a cédula sem delongas, mas o problema é maior que isso, não é simplesmente perguntar ou ajudar com migalhas é a condição humana que está perdida.

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