Vivemos em um mundo exteriorizado, a qual expurgamos a busca pela simplicidade e mergulhamos no profundo desejo obscuro de se auto flagelar no consumismo exagerado e degeneração moral, por isso, o intuito do nosso blog é buscar um olhar mais amoroso do mundo, e através de poemas, podendo resgatar a simplicidade na forma de vivenciar as coisas belas e quem sabe salientar os desejos da alma, e assim buscar o nosso eu interior.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Minha Cidade



Goiás, minha cidade...
Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas,
curtas,
indecisas,
entrando,
saindo
uma das outras.
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.
Eu sou aquela mulher
que ficou velha,
esquecida,
nos teus larguinhos e nos teus becos tristes,
contando estórias,
fazendo adivinhação.
Cantando teu passado.
Cantando teu futuro.
Eu vivo nas tuas igrejas
e sobrados
e telhados
e paredes.
Eu sou aquele teu velho muro
verde de avencas
onde se debruça
um antigo jasmineiro,
cheiroso
na ruinha pobre e suja.
Eu sou estas casas
encostadas
cochichando umas com as outras,
Eu sou a ramada
dessas árvores,
sem nome e sem valia,
sem flores e sem frutos,
de que gostam
a gente cansada e os pássaros vadios.
Eu sou o caule
dessas trepadeiras sem classe,
nascidas na frincha das pedras
Bravias.
Renitentes.
Indomáveis.
Cortadas.
Maltratadas.
Pisadas.
E renascendo.
Eu sou a dureza desses morros,
revestidos,
enflorados,
lascados a machado,
lanhados, lacerados.
Queimados pelo fogo.
Pastados.
Calcinados
e renascidos.
Minha vida,
meus sentidos,
minha estética,
todas as vibrações
de minha sensibilidade de mulher,
têm, aqui, suas raízes.
Eu sou a menina feia
da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.



Cora Coralina 



Análise:

Cidades precede sentimentos, vividos na Infância e juventude na velhice,
é seu quintal e ruas, um espaço reconhece o lugar.
dos elementos faz uma cidade de toda vivencia humana de terras sem fim.

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